Cinemas que exibem filmes de arte são ambientes peculiares. Geralmente eles têm nomes de banco e geralmente são chamados de cinemas alternativos, mas são sempre uma alternativa mais cara para quem quer assistir a um filme chato em uma tela pequena.
A exemplo do que acontece com os shows da Madonna e os eventos de moda e os bazares do Alexandre Herchcovitch, há muitos gays em cinemas de arte. De todos os tipos e tamanhos. E também há muitos caras magros, desses com óculos de aros largos, camisetas pequenas e tênis velhos. Se bem que talvez eles sejam todos a mesma coisa.
Não tenho nada contra esse tipo de gente. Até porque, em uma cidade como São Paulo, conviver com eles é tão comum quanto conviver com terroristas muçulmanos, mágicos e equilibristas. Normal.
O que eu não suporto é quando essa gente se concentra em bandos na frente desses cinemas para fazer comentários subjetivos sobre filmes que todo mundo odeia, inclusive eles, mas não pode falar.
Isso porque, quem gosta de filmes de arte precisa – além de gostar - dizer que gosta. Não basta ter visto tudo do Godard ou conhecer a obra de Fellini como a palma da mão, é preciso comentar em blogs ou entrar em comunidades que afirmam isso no Orkut. Ou participar de palestras e mostras sobre o tema – e balançar a cabeça em sinal de afirmação quando alguém estiver falando sobre o tema. E suspirar, muito. Também é preciso ler a Bravo! e usar camisetas com cartazes de filmes, ainda que tudo o que você realmente conheça sobre o dito “cinema alternativo” seja O Fabuloso Destino de Amélie Poulain.
Há poucos dias, fui ao Espaço Unibanco de Cinema, em São Paulo, assistir ao turco Três Macacos. Ouvi dizer que seria uma boa oportunidade para conhecer o cinema daquele país. Mas a única coisa que o filme conseguiu foi me deixar curioso sobre como pronunciar corretamente o seu título original: Uç Maymun. De resto, são mais de cem minutos de vida desperdiçados.
Uma coisa que eu nunca consegui assimilar é o porquê dos atores de filmes de arte serem tão feios. Ô povo maltratado, meu Deus! E o que é pior: quanto mais feio, mais necessidade de aparecer pelado eles têm. Vai entender... Pensa bem: por um cachê de US$ 10 milhões, uma atriz consagrada de Hollywood sequer paga peitinho em um filme. Mas em um “aventura alternativa” cujo orçamento total não chega a metade disso, ela mostra até o útero.
Mas voltando a Três Macacos, eu diria que é muito silêncio para um filme só. Praticamente um regresso ao cinema mudo. Entre um diálogo e outro, dá até para ir ao banheiro ou buscar uma pipoca; isso se alguém comesse pipoca nos cinemas de arte. Lá, o que pega é um café (caro) antes da sessão e outro depois. Ou, quem sabe, uma garrafinha de água mineral para se hidratar durante o filme.
Mais que boas histórias ou roteiros amarrados, filmes exibidos em cinemas alternativos precisam ter subjetividade; muita subjetividade. Nem que para isso ele não se faça entender por ninguém além do seu próprio diretor. Mas ninguém precisa se constranger, basta apanhar sua garrafa de água e sair da sala de cinema pisando forte e elogiando a luz do filme. Também vale exaltar as cores da obra, a fotografia sublime, a melancolia nas expressões dos atores e a profundidade dos diálogos - ainda que esses se reduzam a meia dúzia de frases trocadas durante todo o filme.
*A imagem é de Três Macacos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário