quarta-feira, 25 de março de 2009

Sobre os reis do pi pi pi

Três coisas antes...
¬ O nome do Kraftwerk sempre me faz lembrar, imediatamente, de notícias sobre a clássica capa da Spin em que eles apareceram diante da indagação: “Mais influentes que os Beatles?”

¬ O show que a banda fez no Free Jazz de 1998, em São Paulo, está no Top 5 de shows da vida do Lúcio Ribeiro. Ele – e não só ele – disse que os tios da eletrônica “assombraram” o Jockey Club.

¬ É indiscutível que eles praticamente iniciaram a música eletrônica como a conhecemos hoje. Em um texto de 2004, na Folha, por ocasião da segunda passagem da banda pelo Brasil, o Thiago Ney disse que é “humanamente impossível dissociar de qualquer coisa produzida eletronicamente nos últimos 30 anos a influência desses alemães, que injetaram na música o conceito ‘homem-máquina’”.

...e três depois.

¬ A imagem que eu sempre tive de uma apresentação do Kraftwerk estava associada a quatro figuras apáticas manuseando laptops no palco. No último domingo, na Chácara do Jockey, em São Paulo, tudo se confirmou. Nada me faz desistir da ideia de que eles simplesmente passaram 80 minutos navegando pela internet – quiçá brincando no MSN e no Orkut – enquanto o público travava uma luta insana contra o tédio para conseguir dançar e se animar com a ideia de que estava diante da “revolução”.

¬ Em algum momento do show, eu fui encontrar um amigo na “praça de alimentação” do lugar. Quando voltamos para a frente do palco, ele me perguntou onde estavam “os caras”. Eu expliquei que aquelas quatro sombras diante do telão, no centro do palco, eram eles. Ele jurou que pensou que fossem robôs. E talvez ele não estivesse tão enganado assim.

¬ Até que me provem o contrário, We Are The Robots é o que se pode chamar de ápice em uma apresentação do grupo. O número é o mesmo há séculos: eles saem do palco e são substituídos por robôs. O engraçado é que a música continua tocando do mesmo jeito, me deixando seriamente desconfiado de que eles realmente não fazem absolutamente nada diante daqueles laptops.

(Na foto, de Flavio Florido - Uol -, o Kraftwerk “tocando” em São Paulo, no Just a Fest)

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