domingo, 17 de fevereiro de 2008

O Garoto Vodu

Sempre lembrei do Johnny Depp como o cara estranho, a quem os outros chamavam de Edward, que tinha imensas tesouras no lugar das mãos. Isso até o dia em que ele participou de Be Here Now, o CD mais barulhento do Oasis, tocando Slide Guitar na música Fade In-Out. Depois disso ele se tornou um cara legal para mim. E muito do que ele tem de legal – incluindo o fato de ter estrelado o esquisito Edward Mãos de Tesoura – se deve a um cara mais legal ainda: o diretor Tim Burton.
Esse post é sobre ele, Burton, e não sobre Depp.
Eu o conheci tarde. E mais que admirar alguns de seus filmes em especial, virei um apreciador do seu estilo. Da marca que ele deixa em tudo o que faz. Autor de verdadeiras fábulas visuais, quase todas manchadas de preto e expressões sombrias, o menino que era trancado pelos pais dentro de casa, para ser protegido, se tornou um artista obscuro.
É difícil definir os limites para que algo se torne estranho. Seja qual forem eles, a obra de Burton é estranha. Mas é genial também. Hoje assisti Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet. O post era sobre o filme, mas acabou sendo sobre nada. No fim, o que importa é que é mais uma obra fantástica para a sua filmografia.
Trata-se de um musical trágico onde Depp interpreta um barbeiro assassino. Entre outras proezas, ele rasga a garganta de seus clientes e os cede para que uma fabricante de tortas – interpretada por Helena Bonham Carter, mulher de Burton - use como recheio de seus quitutes. E o que poderia ser só um banho de sangue gratuito e aflito revela-se um primor técnico e divertido. Uma aberração à altura da estranheza de Burton. E isso nunca é pouca coisa.
Faltou eu dizer que a imagem acima é da Garota Vodu, criada pelo próprio diretor para o seu ótimo livro O Triste Fim do Pequeno Menino Ostra & Outras Histórias. É que ele também desenha e escreve versos para crianças. Crianças estranhas e macabras acostumadas a gostar de personagens como a garota cuja pele é um claro tecido todo costurado e refeito.
Aflição.

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