segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Morrer com música alegre

Era uma quarta-feira de inverno quando Vinícius ligou o aparelho de som e entrou no banheiro, onde duas grelhas queimavam. “É bom morrer com música alegre”, escreveu na carta que deixou para os pais. Aos 16 anos, ele foi asfixiado por monóxido de carbono em sua casa, em Porto Alegre. O garoto interrompido - e real - é o personagem principal de uma reportagem publicada pela revista Época em sua edição do dia 11/2. Uma das autoras do texto é a fantástica Eliane Brum, cujo nome é sempre sinônimo de histórias incríveis onde jornalismo e literatura se confundem.
O título da reportagem, que pode ser lida na íntegra no site da revista, é Suicídio.com. Sim, Vinícius se matou. E fez isso participando de uma aberração virtual que tem levado jovens de diferentes lugares do mundo a acabarem com a própria vida. Ele foi estimulado e auxiliado por pessoas anônimas na internet, que praticamente acompanharam os seus passos até o precipício mais fundo de sua vida. Para enganar os pais e ficar sozinho, disse que queria fazer um churrasco para os amigos, que estava interessado em uma “guria” e que preferia que eles saíssem de casa. Mas era tudo uma fantasia. "Essa medida fez com que o churrasco de hoje parecesse um grande progresso no que tange a minha condição psíquica, quando na verdade era justamente o contrário”, deixou escrito.
O texto da revista traz um perfil impecável do garoto que gostava de Radiohead e compunha músicas tristes, além de vir ilustrado com fotos e desenhos - o desse post foi tirado de lá - de sua autoria. "Sua questão não era morrer, mas fazer a dor parar", diz a reportagem.

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