Ela mesma já confessou, em alguma entrevista, que sua música é o lugar em sua vida em que ela pode ser totalmente honesta. Isso a ponto de não querer cantar algumas canções porque são muito fortes.
Com shows cancelados sem aviso, internações em clínicas de reabilitação, crises de anorexia e uso de drogas em público, é quase natural que Amy Winehouse marque mais presença na mídia em função dos escândalos com os quais se envolve do que por sua arte. É uma pena.
Eu já não me lembro se a cantora inglesa me ganhou com versos como aquele sobre o amor ser um jogo de azar. Ou então com a fabulosa Tears Dry on Their Own, do seu segundo CD, Back to Black. Na letra da música, um jazz dançante, ela diz coisas sobre um cara que se vai e leva o dia embora, fazendo o sol se pôr. Ela diz que suas lágrimas vão secar por si só. Ela não está para brincadeira. Nem quando canta sobre os seus demônios, nem quando permite que eles ajam por si só.
Entre um escândalo e outro, Amy ganhou a mídia, há algumas semanas, por conta do Grammy, a mais importante premiação da música no mundo. Favorita em diversas categorias, ela teve seu visto negado para entrar nos Estados Unidos, onde deveria se apresentar na festa. Apesar disso, cantou em Londres, de onde seu show foi transmitido para o mundo inteiro. No auge dos seus problemas recheados de violência doméstica, drogas pesadas e álcool, a cantora deixou todos à espera de uma tragédia via satélite, mas a apresentação foi sóbria e emocionante. No saldo final da festa, faturou cinco dos prêmios da noite.
A reaparição majestosa fez muita gente apostar no início de uma recuperação da dependência química e das crises de depressão, mas o inferno de Amy parece não ter fim. Logo ela descobriu que seu marido teve uma overdose de heroína na prisão e podia morrer. Em um gesto de compaixão pelo estado de saúde dele, apareceu com uma lágrima tatuada no rosto. Pareceu o início de mais um choro compulsivo. Mais uma vez ela voltaria a viver o pesadelo que canta em suas músicas.
Dias depois, voltou às páginas dos jornais, desta vez por quebrar um quarto de hotel. Desde que surgiu na mídia, a cantora, hoje com 24 anos, quase não encontra tempo para respirar entre uma tragédia e outra.
O amor é mesmo um jogo de azar.
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