terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O brilho eterno da rosa

Imediatamente depois de terminar de ler As Correções, e ainda sob o efeito do procedimento que arrancou fora o meu rim esquerdo, mergulhei em Rua da Revolução, de Richard Yates. Na verdade eu deveria dizer que mergulhei em Foi Apenas um Sonho – era esse o título na capa do livro, recém editado no Brasil pela Alfaguara -, mas gosto da ideia de não chamá-lo assim.
Revolutionary Road, no original, foi lançado em 1961 nos Estados Unidos. No ano passado, sob o mesmo título, sua adaptação para os cinemas estreou por lá. Agora, o filme chegou ao Brasil com o nome Foi Apenas um Sonho. Nada mais previsível, portanto, que a editora pegar carona no longa e mudar o título do romance por aqui também. De bônus, o leitor brasileiro ainda ganha uma capa que reproduz o cartaz do filme.
Rua da Revolução, o livro, não se furta de mostrar que, invariavelmente, as coisas dão errado na vida de um casal. Foi o diretor Sam Mendes (de Beleza Americana) que resolveu adaptar a história para o cinema. Para o papel de April, a protagonista, escalou sua mulher na vida real: a sensacional Kate Winslet – cujo título de sensacional lhe seria garantido ainda que todos as obras de sua filmografia fossem limadas e mantidas apenas Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças e Pecados Íntimos. Para o papel de Frank, o marido, o escolhido foi Leonardo DiCaprio. Rose e Jack, de Titanic, juntos novamente.
Ainda não assisti a Foi Apenas um Sonho e provavelmente demorarei a fazê-lo. Em grande parte porque não é de praxe filmes entrarem em cartaz em Ribeirão Preto – onde estou agora – ao mesmo tempo em que estréiam em outros lugares do Brasil. Ao menos do Brasil ideal. Mas essa é outra história.
O caso aqui é o livro.
No final das contas, você não consegue imaginar que alguém que não a Kate Winslet pudesse dar vida à April. Ainda que traído pela constatação de que a história já uma realidade no cinema tempos antes de eu sonhar em ler o livro, sou capaz de jurar que a April de Yates, trazida à tona nos anos 60, sempre teve a exata cara, corpo e gestos da Kate Winslet. Ou pelo menos daquela Kate Winslet travestida de April, que por ora eu só vi nos trailers e nas imagens de divulgação. Tudo daqui desse lugar que, a exemplo do condomínio em que o casal Frank e April afundaram seus sonhos, está distante de um país ideal.

*A primeira imagem é do filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, onde Kate é Clementine, a eterna garota do Jim Carrey. E dos cabelos coloridos. A segunda, feita pelo Tom Perrotta, foi publicada na revista do New York Times e mostra Winslet se preparando para a festa do Globo de Ouro, onde ganhou o prêmio de melhor atriz coadjuvante, por O Leitor, e melhor atriz de drama, por Foi Apenas um Sonho.

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