Eu termino de ler um bom livro e bate uma tristeza brava. Quanto melhor a leitura, maior a melancolia no final. Simples assim.
Ontem foi desse jeito com Uma Coisa de Nada, do Mark Haddon. Veio como um soco no estômago. Eu já tinha gostado do livro assim que li seu primeiro parágrafo, há dois anos, em uma livraria, mas só agora o peguei para valer.
Haddon é autor de O Estranho Caso do Cachorro Morto, por isso não dava para esperar pouca coisa desse Uma Coisa de Nada. Me lembrou As Correções, do Jonathan Franzen, um dos meus favoritos de sempre. No jeito de contar a história, na escolha de uma passagem na vida de uma família desajustada tão comum e ao mesmo tempo tão peculiar como tema de um romance. Em muitos aspectos.
Há um trecho nele de que gostei em especial:
“Sempre havia achado os comensais solitários tristes. Mas agora que ele era um comensal solitário, na verdade se sentia superior. Devido ao livro, principalmente. Aprendendo alguma coisa enquanto todo mundo estava desperdiçando tempo. Era como trabalhar à noite.”
Gostei dessa passagem porque talvez eu seja um desses comensais solitários na maior parte do tempo. Ou talvez porque eu goste muito de ler. Ou até porque eu ache que o ideal seria que passássemos menos tempo de nossas vidas dormindo – embora não faça absolutamente nada para mudar isso.
Mesmo que eu nunca mais volte a ler nada dele, Haddon já é um autor cujo jeito de escrever eu quero imitar um dia. Assim que eu finalmente levantar do sofá para cuidar do meu romance.
(A imagem no topo eu tirei do post Mesa Para Um, do Fernando Luna, publicado no site da revista Trip. Uma pérola sobre pobres comensais solitários que me fez querer sumir com tudo o que eu já escrevi na vida)
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