sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A arte de querer gostar de um filme

Primeiro eu gostei de Amor sem Escalas, do Jason Reitman. Por antecipação, mas gostei. Foi quando eu assisti ao seu trailer, meses atrás. Logo depois vieram as críticas positivas e não tinha como errar.

Embora eu não tivesse gostado nem um pouco de Juno e só um pouco (bem pouco mesmo) de Obrigado por Fumar, filmes anteriores do diretor, agora seria diferente. Um filme absolutamente triste (palavras de críticos de cinema), sobre um homem sendo testado por suas convicções de que relacionamentos são a coisa mais pesada da vida, tem tudo para me agradar. E ainda com uma história ambientada em hoteis, aeroportos e lojas de gravatas, lugares de que gosto tanto. Um filme que aborda a solidão por opção, crises existenciais e angústia e que, no final das contas, vai contra tudo o que prega o cinema americano ao assumir que, na vida, não há mesmo a possibilidade de consertar quase nada. E então veio o texto que o Marcel Plasse escreveu sobre ele no Scream & Yell e eu corri para o cinema no mesmo dia. Principalmente por conta da frase que encerrava a crítica: “é cinema para adolescentes entenderem errado e adultos fingirem não ter entendido”.

O que já deve ter dado para perceber, também por antecipação, é que diante de tanta expectativa só podia dar tudo errado - e o pior é que eu nem tenho um bom motivo para não ter gostado do filme. O George Clooney está perfeito (todos os atores estão), toca Angel in The Snow, do Elliott Smith (e um filme com Elliott Smith na trilha não pode ser ruim). Mas na primeira meia hora de exibição eu já estava olhando para o relógio sem parar, achando quase tudo muito chato.

As pessoas riam e eu ria também, claro. Não ia ficar ali parado, simplesmente olhando para a tela sem fazer nada. Mas a verdade é que eu não entendi muito bem se o objetivo de Amor sem Escalas é fazer rir ou chorar. Talvez eu devesse dar uma chance ao filme e voltar ao cinema, só para comprovar que aquela angústia na hora de ir embora veio mesmo por conta do extrato da minha conta que eu tirei no caixa eletrônico e não pela história contada por Reitman. O duro é que eu nem me sinto um adulto fingindo não ter entendido o filme. Se fosse isso, pelo menos, eu teria uma desculpa particular para não ter gostado dele. E não estaria aqui, me sentindo um alien.

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