Chamar filmes pelo nome original, não traduzido, na hora de se referir a eles, é coisa de hipster. Mas desta vez eu vou fazer isso para poder falar de A Single Man sem ter que usar o título infeliz que ele recebeu no Brasil: Direito de Amar.
O filme é o primeiro dirigido pelo estilista Tom Ford, que ficou milionário trabalhando para grifes de luxo como Yves Saint Laurent e Gucci - só nos 14 anos em que foi diretor criativo dessa última, ele teria acumulado cerca de US$ 200 milhões. Hoje Ford é dono de sua própria marca. Na Daslu, único ponto de venda de suas roupas em toda a América do Sul, um terno assinado por ele não custa menos de R$ 14 mil.
O estilista se transformou em um dos maiores ícones do mundo da moda das últimas décadas. E isso aconteceu por um milhão de motivos. O esmero de suas criações é um deles. Também soma pontos o conceito de suas campanhas para vender roupa, famosas por cenas de nudez e pelo forte apelo erótico. Junte tudo isso em um longa e o resultado é o melancólico A Single Man.
O filme é tão bonito que parece que cada frame foi retirado de um editorial da Vogue. Enquadramentos, cenários, figurinos, atores, trilha sonora. Tudo é tão impecável que chega a ser inverossímil e incômodo, como se estivéssemos diante de um comercial da grife de Ford.
Rodado em 21 dias e contando com US$ 7 milhões investidos pelo estilista do próprio bolso, A Single Man é uma adaptação do livro homônimo de Christopher Isherwood, publicado em 1964. O filme narra um dia na vida de um professor gay, que, após a perda do companheiro num acidente, planeja o próprio suicídio. Na história original, no entanto, o personagem não planeja se matar. A atuação do Colin Firth no papel principal é uma das coisas mais bonitas que eu já vi no cinema. E ainda tem a Julianne Moore e o ator que fez o menino de Um Grande Garoto, Nicholas Hoult.
Se esse fosse um texto para a Rolling Stone, pesaria no número de estrelas que eu daria ao filme o fato dele meio que ir por água abaixo na cena final, que é de muito mau gosto. Os 120 segundos que encerram A Single Man, antes dos créditos aparecerem na tela, são de estragar qualquer obra-prima. Uma conclusão moralista e piegas para uma história tão bonita e bem contada (e muito, muito triste). Um desperdício e tanto.
(A primeira imagem é de Colin Firth e o olhar mais triste de que se tem notícia. A segunda é uma versão alternativa do cartaz do filme, bem melhor que a original.)
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