O mundo é um laboratório. Pelo que entendi assistindo ao piloto de Fringe, é esse, basicamente, o argumeto do novo devaneio de J. J. Abrams, criador de Lost. Para dizer o mínimo, a série mistura referências científicas e teorias conspiratórias com o que mais se vê no trabalho do produtor: reviravoltas e tensão, muita tensão. Em entrevista à Veja, Abrams assumiu ter aprendido que “a melhor forma de uma trama de mistério prender o espectador era criar tantas reviravoltas e desdobramentos paralelos que ele não tivesse tempo de respirar". Sobre Fringe lidar com teorias conspiratórias, ele foi além: “as teorias conspiratórias dão ao espectador uma sensação de conforto. A possibilidade de que o mundo seja controlado por uma organização ou sistema é assustadora. Mas, ao mesmo tempo, fornece um sentido à vida: se isso existir, então há um objetivo maior por trás de tudo.”
Perguntado sobre o que está ocorrendo com muitos fãs reclamando que Lost se tornou mirabolante, ele respondeu que “esse pessoal não é nerd o suficiente”. Aliás, todos os produtores da série não cansam de repetir que nunca perderam o controle e que, ao fim da trama, todas as pontas se ligarão. Penso que a última cena do 11º episódio da quinta temporada da série, com o Locke dando boas vindas à terra dos vivos ao Ben, endossa bem o que o próprio Abrams falou sobre não dar tempo para o espectador respirar.
Além de ter sua sequência inicial filmada em um avião, Fringe compartilha com Lost da necessidade de mostrar o quanto grandes corporações desejam controlar o mundo. E de que somos todos cobaias de experimentos ininterruptos. E de que talvez as pessoas sejam um pouco mais sinistras e assustadoras do que imaginamos.
Pelo que li na Veja, a própria mulher do produtor já declarou que ele é um ser de outro planeta. É por essas e outras que eu tenho medo do J. J. Abrams. Muito medo.
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