Gostei demais de Onde os Fracos não Têm Vez. Já disse antes. Mas até pegar o livro Onde os Velhos não Têm Vez nas mãos, hoje, não achava que me interessava ler a obra da qual o longa foi adaptado.
Só até pegá-lo nas mãos.
Li alguns trechos na livraria. O texto, econômico e tenso, conquista nos primeiros minutos. Apunhala. Comprei o livro e engatei sua leitura nas horas seguintes. Terminei. 252 páginas. Sem respirar.
Até a primeira metade, fui perdendo um pouco da empolgação. Não conseguia me desprender das imagens do filme. Bastava que uma ação fosse minimamente diferente daquela que eu vi nas telas para eu perder a concentração. Voltava a leitura e tentava me desvencilhar do longa. Difícil. O filme me arrebatou de maneira descomunal e ainda é recente demais na minha cabeça. Impossível separar. Alguém deve estar certo quando diz que bons livros e bons filmes - quando os segundos são adapatados dos primeiros - acabam se estragando quando são vistos e lidos – ou lidos e vistos – em um mesmo curto espaço de tempo. Verdade.
Não foi suficiente para eu gostar menos do texto e da história escrita por Cormac McCarthy (foto). Venci a impaciência. Virei fã desse autor. Preciso conhecer toda sua obra. Preciso conhecer pelo menos algo mais da sua obra. Algo que ainda não tenha virado filme.
É curioso constatar o que o roteiro dos irmãos Coen deixou de fora da adaptação. É curioso como isso torna o filme ainda mais genial. Igualmente econômico e tenso, sem arestas. O livro traz mais da história. Na medida exata. Não deixa sobras, mas traz mais.
“O mundo que vi não fez de mim uma pessoa espiritualizada”, diz o Xerife em um determinado momento do livro. Sua espiritualidade e seu horror diante da miséria humana são filosoficamente explorados no texto. O fato dele, o texto, praticamente não trazer vírgulas, chega a soar estranho. Mas com o tempo você entende. Quem é que precisa delas? A narrativa toda é quase um sussurro. Agonizante a aterrorizador. Sem tempo para vírgulas ou devaneios. Na medida exata da miséria humana.
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