Chegou a Brasília a exposição Oscar Niemeyer: Arquiteto, Brasileiro, Cidadão. A mostra é uma homenagem aos 100 anos do homem que desenhou a capital brasileira.
O catálogo do evento diz que setenta anos de inovação arquitetônica e surpresa inesgotáveis tornam o arquiteto o único brasileiro a ser lembrado no século XXX. O Brasil nunca teve muito do que se vangloriar mesmo.
Niemeyer é uma figura única. Daquelas que acabam sempre parecendo maiores que a sua própria obra, ainda que o que digam seja exatamente o contrário.
Brasília também é única e, apesar dos percalços de desigualdade que a modernidade suplantou à cidade perfeita, continua imperando como um verdadeiro museu de arquitetura ao ar livre. Isso ao menos na área ocupada pelo Planalto Central, uma ilha de fantasia rodeada de pobreza e violência.
Em uma entrevista à Playboy, há alguns meses, o colunista Diogo Mainardi disse que esteve apenas uma vez na cidade e achou tudo muito decadente. Esse é o ponto. Os belos desenhos de Niemeyer, vertidos à realidade em pleno cerrado, se deterioram e se esgotam com o tempo. Encardidas por fora, por dentro as construções são desconfortáveis, antiquadas e feias. Tudo muito decadente.
A imagem que ilustra a capa do catálogo é do Museu Nacional (foto), inaugurado recentemente no igualmente novo Conjunto Cultural da República. Diferentemente do que diz o texto, não há nada de inovador ali naquela construção. Sua forma, semelhante à de um capacete, é exatamente a mesma representada no concreto armado sobre o plenário do Senado Federal. Uma daquelas duas famosas esculturas – no formato de bacias, uma com a boca virada para cima e a outra para baixo - que tornaram o monumento do Congresso Nacional conhecido no mundo inteiro.
Há outro exemplos de repetição dos belos e inabitáveis desenhos de Niemeyer pelo resto do Brasil e do planeta. Mas talvez seja isso a que chamam de estilo. Niemeyer é gênio e eu não entendo nada de arquitetura.
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