sexta-feira, 18 de abril de 2008

Ctrl C + Ctrl V


"o cavernoso Nick Cave"

O cozinheiro Edu Guedes enche o seu blog com receitas. A Priscila Fantin não pensa duas vezes antes de postar salmos, pensamentos e correntes daquelas que se espalham via e-mail no seu. A Samara Felippo também. Outros brincam com fotos no Photoshop e correm mostrar. Ou exibem letras de músicas, vídeos. Quando estão sem assunto, uma boa colagem costuma resolver o problema.
Outros blogueiros também não são de se intimidar na hora de encher a lingüiça dos seus diários com colaborações.
Foi por isso, para não bancar o diferente, que eu decidi que hoje vou usar uma reprodução aqui. É isso, também vou apelar para colaboradores. O de hoje se chama Nick Cave e ele não é um homônimo do cantor australiano. É ele próprio. Se bem que não se trata de algo que ele escreveu. O texto abaixo traz, na verdade, a transcrição de trechos de uma palestra que ele deu em 1999 numa universidade de Viena. O tema é A Canção de Amor. A belezura, na íntegra, saiu originalmente na revista gringa Another Magazine.
A versão que eu mostro aqui foi publicada pelo Lucio Ribeiro na antiga coluna que ele tinha na seção Pensata, na Folha Online. Logo, isso faz dele o nosso colaborador de hoje. E não o Nick Cave, como eu tinha dito antes. Ele diz mais ou menos assim:

Entre citações musicais e literárias, o cavernoso Cave relaciona seu modo de compor love songs com a morte de seu pai e a proximidade que isso o trouxe de Deus.

"...A canção de amor é uma canção triste, o som de sua própria desgraça. Nós todos experimentamos por dentro o que a lingua portuguesa chama de 'saudade', que traduz uma inexplicável sensação de desejo por algo ou alguém fora do alcance, um inenarrável e enigmático grito da alma por algo que não teremos...E é esse sentimento que vive no reino da imaginação e da inspiração. Que é a base da canção triste, da canção de amor. Que é a luz de Deus, que chega às profundezas, que remexe nossas feridas.

"...No rock contemporâno, a área em que atuo, a canção de amor parece menos inclinada a visitar a tristeza da alma. Excitação sempre, raiva às vezes, mas raramente fala sobre verdadeira tristeza. Bob Dylan sempre falou dela. Leonard Cohen sempre lidou com ela. E hoje ela apavora a PJ Harvey...

"...Na maravilhosa "Perfect Day", do Lou Reed, ele monta uma agenda de eventos que poderia levar a um dia perfeito. Um dia montado todo ele com momentos do amor belo, onde ele (Reed) e sua amada sentam na grama de um parque e bebem sangria, dão comida para os animais, vão ao cinema etc. Mas é uma parte da letra que se esconde na escuridão do terceiro verso, "I thought I was someone else, someone good" (Achei que eu fosse outra pessoa, alguém bom), que leva essa canção sentimentalóide à obra-prima da melancolia que ela é."

Nenhum comentário: