segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Desconforto no Planeta Terra (o festival, não o planeta em si)


Nesses tempos em que a internet começa a mudar o mundo como o conhecemos, timing é tudo. Por isso me apresso pra trazer aqui minha análise definitiva sobre o Planeta Terra 2010, que aconteceu há apenas dois dias na maior cidade do país:

¬ O Holger, única banda brasileira que realmente importa no momento, muito provavelmente fez um grande show. Cheguei a tempo de ver a metade final da última música antes de parte da banda decidir descer para a galera durante uma cover do Pixies que encerrou a apresentação. Sensa.

¬ Depois ouvi um pouco do Of Montreal (a dois quilômetros de distância) enquanto chegava a tempo de esperar pelo início do show do Mika. Eu só conhecia uma música dele (a do “Kick-Ass”), mas confesso que fiquei bastante tentado a gostar desse artista depois do que vi. É tudo muito colorido e performaticamente desnecessário, mas o cara é realmente bom de palco. Um showman, eu diria. E diria mais: ele vai longe.

¬ Já o Phoenix, cuja minha canção favorita (por falta de opção) é “Lisztomania”, fez uma apresentação tão empolgante quanto um deslizamento de terra. Cheguei depois da primeira música (que foi justamente “Lisztomania”) e só não maldigo tal banda porque descobri que a Cleo Pires os aprecia muito (o que muda todo o cenário como o conhecemos). Mas confesso ter me irritado bastante com a decisão do vocalista de permanecer durante um terço do show deitado no chão do palco. Isso pra não falar da ausência do Daft Punk, que prometeu uma participação especial e não cumpriu (como se fosse muito difícil colocar dois caras com capacetes de motoqueiro tocando CDs da série “The Best of Sirena” ali).

¬ Enfrentei o mais penoso corredor polonês da minha vida pra conseguir chegar no Hot Chip (que ficava num palco quase que do outro lado da marginal). Ouvi um terço de uma única música (e saí antes de tirar o CD deles da lista dos meus favoritos deste notável ano).

¬ Saindo da montanha-russa eu ouvi o Pavement tocar “Spit on a Stranger”, a grande música da minha vida. De longe, pude concluir que o Stephen Malkmus não estava muito animado da vida. Voltei ao outro palco, aquele localizado do outro lado da marginal, pra tentar comprar uma cerveja em menos de 40 minutos. Foi quando eu vi de relance o Empire of the Sun, uma banda que costuma se apresentar usando os figurinos da saudosa série “Jiraiya, o Incrível Ninja”.


¬ De todos os shows, o do Smashing Pumpkins era o que eu mais queria ver. Por isso garanti meu lugar na plateia pra poder prestigiá-lo. Foi o mais lotado e o mais pesado de todos (os que eu vi). Mas a verdade é que estava tudo muito sem propósito e fora de contexto para o momento. Principalmente por conta daqueles solos de guitarra de 27 minutos que o Billy Corgan decidiu fazer pra provar que ainda sabe tocar tal instrumento. Decidi me retirar imediatamente do recinto.

¬ Acabei indo embora antes do fim da apresentação. No final das contas, vou levar o trauma de só ter visto 0,8% dos shows do Planeta Terra para o túmulo (mas antes vou ver os 99,2% restantes em HD). O que me consola, em parte, é constatar que isso ocorreu por motivo de trabalho (e que no final das contas o meu salário justifica tudo). Também levarei para o túmulo a nova maior surpresa da minha vida: saber que o Billy Corgan fez um acordo com a organização do festival pra ajudar a esvaziar o Playcenter no final da festa. Sensa.

[A primeira foto é do helicóptero (Reinaldo Marques/Terra), a segunda é do Flavio Moraes (G1)]

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Em apresentação histórica, Rihanna recebe maletas cheias da luz de "Lost"


Rihanna se consagrou como o grande nome deste século na música, no meu iPod, com "Good Girl Gone Bad". Já era o seu terceiro disco, mas eu só descobri isso há doze dias - então ele continua sendo o melhor disco de estreia de uma cantora pop em todos os tempos na minha opinião (tirando o da Katy Perry, eu acho).

Acontece que o segundo álbum da Rihanna, "Rated R", foi uma decepção. Sem pequenos milagres pop, sem refrões maravilhosos, sem hits dignos de nota e nem nada. Nessa mesma época, ainda, a cantora começou a embaragar por um caminho sem volta (muito provavelmente por conta de seus problemas com o Chris Brown). Pra completar, as antológicas apresentações na TV e em premiações (grande parte delas realizada com o notável auxílio de guarda-chuvas) foram para o ralo junto com o bom senso para cortes de cabelo.

Mas então há pouco ela veio com o primeiro single de seu terceiro disco, "Only Girl (In The World)". Não satisfeita em ser uma pequena obra-prima da música mundial deste milênio, a música tem o melhor refrão pop de que se tem notícia. Na sequência, Rihanna foi ao Saturday Night Live e mostrou “What’s My Name”. Depois, liberou a segunda parte da trilogia "Love the Way You Lie" e, apesar de não ter me conformado com o fato dela cortar boa parte da participação do Eminem na música, eu conclui em definitivo: Rihanna estava de volta ao modelo que a consagrou em "Good Girl Gone Bad". "Loud", seu novo CD (ainda não lançado no momento em que redigi tal teoria), seria o grande lançamento da década e afins.

O problema é que "Loud", que agora conhecemos, é chato e está a anos luz de "Good Girl Gone Bad". Pra completar, a Rihanna liberou como faixa bônus do álbum uma terceira e última versão de "Love the Way You Lie", dessa vez acústica e sem a participação do gênio Eminem. Eu fico esperando o momento dele aparecer gritando com aquela tranquilidade de quem é sugado pela enchente e nada.


A questão toda é que depois de quatro parágrafos só me resta voltar e me concentrar no tema deste texto: a apresentação da Rihanna no último Europe Music Awards da MTV (EMA, para os íntimos). Se ela já tinha abalado a república americana e adjacências com a participação que fez na apresentação do Eminem no VMA deste ano, agora ela atingiu a glória com uma versão histórica de "Only Girl (In The World)". A batida ficou mais pesada, ainda melhor. O número, sensacional. Ela toda serelepe, andando num jardim de flores de plástico. Tirando onda com os diamantes dados à Madonna em “Material Girl" e colocando caras pra oferecer malas cheias da luz de Lost só pra ela. Não dá pra pensar em nada melhor para o momento: é o maior número musical de que se tem notícia na história dos veículos midiáticos.  

ps. Devido à grande repercussão deste post, fui ameaçado de morte pela MTV e a incorporação do vídeo do YouTube com a referida apresentação teve que ser excluída daqui. Busque conhecimento e tente assistir ao mesmo (vai mudar sua vida, eu garanto).